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09/07/2009 FOLHA DE S. PAULO
Economia mundial tem reação fraca, diz FMI
O FMI (Fundo Monetário Internacional) afirma que o mundo já ensaia sair da pior recessão do pós-Segunda Guerra, mas que uma recuperação mais firme poderá demandar mais tempo do que o previsto. Até lá, vários riscos pelo caminho, no qual as economias emergentes lideram a retomada. Em nova revisão de suas previsões, o FMI elevou para 2,5% a expectativa de crescimento global em 2010, mas aumentou marginalmente o tamanho da contração esperada neste ano, de 1,4%. Antes, o Fundo previa crescimento de 1,9% no ano que vem e queda de 1,3% neste.
Para o Brasil, manteve-se a expectativa de uma retração de 1,3% em 2009, mas o PIB (Produto Interno Bruto) do país no ano que vem pode crescer mais, chegando a 2,5% (0,3 ponto percentual acima de previsão feita em abril). "A boa notícia é que as forças que vinham empurrando a economia global para baixo estão perdendo força. Mas a má notícia é que ainda é muito fraca a força que nos empurra para cima", disse o economista-chefe do Fundo, Olivier Blanchard, ao anunciar as novas previsões contidas no relatório "Panorama da Economia Mundial". "O balanço entre essas duas forças está mudando, o que nos permite dizer que, embora a economia mundial ainda esteja em recessão, a recuperação está a caminho. Mas ela tende a ser uma recuperação fraca."
O Fundo também divulgou uma atualização de seu "Relatório sobre a Estabilidade Financeira Global", no qual afirma que houve melhora nas intermediações financeiras pelos bancos e nos mercados "após intervenções forçadas". "As respostas sem precedentes dirigidas tanto aos mercados financeiros como pela via da política macroeconômica reduziram os riscos de colapso sistêmico e começaram a restaurar a confiança nos mercados", disse José Vinãls, diretor do Departamento de Mercado de Capitais do FMI. Embora o Fundo afirme que as "condições macroeconômicas tenham melhorado mais do que o previsto", o órgão diz que o sistema financeiro continua "comprometido".
Estímulo
O FMI também espera que o efeito das políticas de vários países que injetaram trilhões de dólares no sistema financeiro e em pacotes de obras públicas comece a diminuir ao mesmo tempo em que as famílias ao redor do mundo tenderão a aumentar o seu nível de poupança (nos EUA ele já é o maior em 15 anos). Conjugados, esses fatores poderiam abortar a retomada. "A principal prioridade continua sendo a restauração do sistema financeiro. E as políticas macroeconômicas precisam continuar apoiando a recuperação [com juros baixos], preparando o terreno para uma retirada ordenada do volume extraordinário de intervenções estatais", diz o FMI.
Na revisão das previsões, o FMI rebaixou consideravelmente as expectativas de desempenho de México (para -7,3% neste ano) e Espanha (-4%). No caso mexicano, o país está sendo duramente afetado pela recessão americana e pela redução das remessas de dólares de imigrantes trabalhando nos EUA. No caso da Espanha, o país é um dos que mais sentem na Europa os efeitos da explosão da chamada "bolha imobiliária". Países fortemente exportadores, como Alemanha e Japão, também sofrerão mais, e suas economias devem encolher 6% e 6,2%, respectivamente.
Para os EUA, maior economia do mundo e epicentro da crise, o Fundo vê a economia apenas se "estabilizando" em 2009. "Uma recuperação gradual deve emergir ao longo de 2010", diz o relatório do FMI.
De longe, China (7,5%) e Índia (5,4%) serão os dois países mais dinâmicos do mundo em 2009 e puxarão para cima a média de crescimento das economias emergentes, que deve evoluir positivamente 1,5% neste ano.
Já os países avançados terão uma retração projetada em 3,8% neste ano e um crescimento de apenas 0,6% previsto para o próximo ano.