01/06/2009 ZERO HORA
Editorial
A crise do Estado é também uma crise de credibilidade dos políticos. Foi o que revelou pesquisa de opinião pública encomendada pela RBS e realizada pelo instituto Fato Pesquisa nos dias 28 e 29 últimos, com base numa amostra de 817 entrevistas feitas em 22 municípios do Estado. O levantamento mostrou que a população confia pouco nos integrantes do Executivo e do Legislativo para superar o momento ruim por que passa o Rio Grande, mas mantém o crédito em instituições públicas como a Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário. A imprensa, no seu papel de instrumento de transparência, também aparece bem cotada como instituição capaz de ajudar o Estado a sair do atual impasse.
Mais de 90% das pessoas consultadas acham que a crise política atrapalha o desenvolvimento do Estado e consideram que as ações prioritárias para a superação deste obstáculo são o combate à corrupção, investimentos em educação, apoio a atividades produtivas e “ter políticos honestos”. Eis aí um recado que os homens públicos precisam entender, embora caiba aos próprios pesquisados utilizar o seu poder do voto para fazer esta seleção.
A rejeição aos políticos é inequívoca. O governo Yeda Crusius está pessimamente avaliado, mas os partidos políticos, tanto da situação quanto da oposição, também aparecem mal nas tabelas de avaliação. Diante da pergunta sobre a confiança que o entrevistado tem nas agremiações políticas para auxiliar na superação da crise, a resposta “nenhuma” foi dada por 32,1% dos entrevistas para os governistas e por 28,2% para os oposicionistas.
Quem, então, pode ajudar o Rio Grande a superar a crise? Afora os veículos de comunicação, compreensivelmente citados em primeiro lugar pela condição de porta-vozes das demandas dos cidadãos, aparecem bem cotados a Polícia Federal, o Ministério Público, o Poder Judiciário, empresários/setores produtivos e sindicatos de servidores públicos. Na parte inferior da tabela, estão partidos de oposição, secretários de Estado, governadora, partidos da base do governo, vice-governador, deputados federais e senadores, e Assembleia Legislativa. Paradoxalmente, os eleitores apoiam expressivamente (79,4%) uma CPI para investigar o governo.
Essas são algumas interpretações da pesquisa publicada nas páginas 4 e 5 deste jornal, que tem o propósito de aferir o grau de confiança dos rio-grandenses em suas instituições no contexto de uma crise que paralisa a administração pública e constrange um povo orgulhoso de sua tradição política. Ao divulgar este levantamento, a RBS espera contribuir com a sua parte para que o Estado vire o mais rápido possível esta página triste de sua história e volte a trilhar um caminho de desenvolvimento com justiça social.
NOTA BAIXA |
A rejeição aos políticos é inequívoca. O governo Yeda Crusius está pessimamente avaliado, mas os partidos políticos, tanto da situação quanto da oposição, também aparecem mal nas tabelas de avaliação. |