18/05/2011 JORNAL DO COMÉRCIO
Novo presidente assume o cargo em julho para uma gestão de três anos
Eleito ontem para a presidência da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (Ciergs), o industrial Heitor Müller assume em julho o cargo, onde permanece pelos próximos três anos. Apoiado pelo atual presidente Paulo Tigre, de quem promete dar continuidade ao trabalho, Müller defende que o Estado dedique mais atenção aos incentivos fiscais e à infraestrutura.
O novo presidente aconselha que o Rio Grande do Sul se utilize das ferramentas que possui, como o Fundopem, para o qual defende a flexibilização. Mesmo para um Estado exportador, conforme ele, o câmbio não seria um problema se esses fatores fossem reavaliados. Müller destaca como maior desafio o convencimento dos que interferem na competitividade da indústria gaúcha, como entidades e governos, de que o Estado precisa de condições iguais às dos concorrentes. "Como entendemos que somos competentes e bem preparados, só queremos igualdade de tratamento, porque o industrial gaúcho sabe se conduzir", aposta.
Conforme ele, é impossível conviver com as diferenças gritantes em aspectos como a tributação e a infraestrutura. A aceitação da guerra fiscal como fato é, na sua percepção, indispensável para a sobrevivência da indústria. "Sabemos que uma guerra nunca é boa, mas temos que aceitar que ela existe e tentar competir com ela".
Quanto à posição do governo do Estado de combater a guerra fiscal, Müller opinou que as opiniões são convergentes. Um exemplo seria a flexibilização do Fundopem, defendida por ambos os lados. Conforme ele, os atuais moldes do incentivo não são mais propícios ao Estado, pois se chocam com iniciativas mais atualizadas de outros estados.
Na visão do novo presidente, as medidas devem ser pensadas principalmente para garantir a manutenção de empresas instaladas no Rio Grande do Sul, e menos na atração. Ele avalia que o caso da empresa Azaléia, que fechou recentemente postos de trabalho em Parobé, representou o reflexo do aumento inesperado do salário-mínimo regional, sem a consulta às empresas sobre a capacidade delas de arcarem com os valores. "É uma referência para analisarmos e evitarmos mais surpresas daqui para frente", avalia.
As propostas da Fiergs sobre o tema já foram encaminhadas e discutidas com o governador Tarso Genro. Müller defende, no entanto, que as medidas quanto ao ICMS devem ser estudadas em nível federal, com regras claras quanto ao imposto menor ou a implantação do tributo no destino.
A mesma perda de mercado interno Müller visualiza no cenário do Mercosul, que, segundo ele, está se desfazendo e somente deve funcionar quando fechar fronteiras, a exemplo da União Europeia. Para o Rio Grande do Sul, a maior perda da minimização do bloco econômico, que vem se intensificando com a má relação com a Argentina, seria no setor de máquinas agrícolas, produto exportado para o país vizinho. O atual presidente Paulo Tigre observou que a medida adotada pelo Brasil de limitar a importação de carros da Argentina foi a mais acertada. Tigre ainda observa que o déficit na infraestrutura afasta as empresas brasileiras do próprio País, o melhor e mais próximo mercado de consumo.
Sobre a estrutura da Fiergs, o novo presidente garante que será dada continuidade ao trabalho de Paulo Tigre. O processo eleitoral mais complicado na Fiergs em duas décadas foi criticado por ter sido realizado com chapa única. A abstenção de 18% foi, conforme Müller, uma demonstração da união das entidades.