27/01/2011 AG
Mariana Jungmann Repórter da Agência Brasil Brasília - Terminou sem avanços a primeira reunião
entre o governo e as centrais sindicais para negociar o reajuste do salário mínimo. A proposta
apresentada hoje pelo secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, foi
de R$ 545 para o mínimo e mais 80% do índice de reajuste do mínimo para o aumento dos aposentados.
As centrais sindicais defendem salário mínimo de R$ 580, além de 10% de reajuste para os
aposentados e mais a correção da inflação na tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF).
Para Gilberto Carvalho, o mais importante é que o governo está mantendo a política de valorização
do salário mínimo e não pode abrir precedentes de quebra do acordo com as centrais para reajustar o
valor de acordo com a inflação do ano anterior mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de
dois anos antes.
Além disso, diz o ministro, o governo cumprirá o acordo também no próximo ano, quando o reajuste
poderá chegar a 13%. 'Nós já sabemos que, no ano que vem, teremos um aumento importante, que poderá
chegar a 12%, 13%. Portanto, nós colocamos para as centrais sindicais a inconveniência de quebrar
esse acordo agora', afirmou o ministro, após a reunião.
Mesmo sem avanço nas propostas do governo, os sindicalistas disseram ter saído satisfeitos com a
instalação da mesa de negociações e o agendamento de um novo encontro na próxima quarta-feira (2).
'Nenhum de nós estava esperando chegar aqui e sair com tudo resolvido. Reclamamos porque não
estávamos sendo recebidos pelo governo. Agora temos a garantia de que, em qualquer coisa que diga
respeito aos trabalhadores do Brasil, serão ouvidas as centrais sindicais. Isso é uma coisa que
conseguimos com o governo Lula e não tínhamos garantia no governo Dilma', afirmou o presidente da
Força Sindical e deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).
Mas, apesar da continuidade das negociações, o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT),
Ricardo Patah, admitiu que o governo deverá endurecer o discurso com relação ao aumento do mínimo.
Segundo ele, Gilberto Carvalho sinalizou que o assunto poderá ficar para o Congresso Nacional, no
momento de votar a medida provisória que trata do reajuste. 'É uma possibilidade. Não tendo acordo,
vai para o Congresso. Estou sentindo que o governo vai ser muito duro na negociação', admitiu o
sindicalista.
Sobre a correção da tabela do IRPF, contudo, o governo poderá ser mais flexível. A proposta de
Carvalho é corrigir a tabela de acordo com a meta de inflação, que é de 4,5%. Ele admitiu, no
entanto, que a negociação poderá avançar mais se for desvinculada da discussão do salário mínimo.
'Nós não queremos vincular as duas coisas para não dar a impressão de que estamos fazendo uma
troca. Vamos retomar as negociações do mínimo e do Imposto de Renda na próxima semana, mas
eticamente não queremos passar a impressão de 'toma lá, da cá'', ressaltou o ministro.
Edição: Nádia Franco