20/01/2011 AE
A Polícia Federal deflagrou hoje (19) a Operação Grammata para reprimir crimes contra o
sistema financeiro nacional, falsidade documental, estelionato e lavagem de dinheiro por meio de
compra e venda de Letras do Tesouro Nacional (LTNs).
A PF cumpriu 33 mandados de busca e apreensão em seis Estados (Espírito Santo, Goiás, Minas, Rio
Grande do Sul, Rio e São Paulo) e no Distrito Federal. Uma mulher, integrante do grupo, se fazia
passar pela ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), corregedora nacional de
Justiça.
Segundo a PF, a organização criminosa captava recursos de terceiros para serem empregados nas
transações com títulos da dívida pública, notadamente LTNs da década de 1970, em sua maioria
falsificadas.
Lotes de títulos eram utilizados como lastro financeiro em financiamentos internacionais e como
ativos para inflar patrimônio de empresas.
Os fraudadores prometiam reembolsos variáveis de 10 a 20 vezes sobre o valor investido.
A ordem para vascular endereços residenciais e comerciais dos alvos da PF foi dada pelo juiz Fausto
Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Ele acolheu pedido do delegado Rodrigo
Sanford, que comanda a Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da PF em São Paulo.
Não foi decretada prisão de suspeitos, mas essa medida poderá ser tomada a partir do resultado das
buscas.
FINANCIAMENTOS - Os federais apreenderam títulos da Dívida Pública "com indícios de falsificação".
Também foram encontrados documentos de financiamentos realizados no exterior - as transações teriam
sido fechadas com uso dos títulos.
"Foi apreendida farta documentação sobre os crimes investigados e mídias que serão analisadas",
comunicou a Polícia Federal, em nota.
As letras são títulos de responsabilidade do Tesouro, emitidas para cobertura de déficit
orçamentário. A investigação teve início em fevereiro de 2010 pelo Grupo de Repressão a Crimes
Financeiros e Lavagem de Dinheiro da PF no Rio Grande do Sul, que apurou crimes de evasão de
divisas e lavagem de dinheiro na fronteira com a Argentina.
Grammata - segundo a PF "ciência grega que estuda as letras do alfabeto" - é um desdobramento desse
trabalho.
CÉLULA - Em uma célula da organização foi identificada a mulher que se fazia passar pela ministra
"para obtenção de diversas vantagens econômicas".
Os trabalhos foram desenvolvidos em parceria com a Receita Federal, através do Escritório de
Pesquisa e Investigação da 10ª Região e tiveram o apoio da Corregedoria Nacional de Justiça.
Segundo a PF, o cumprimento dos mandados de busca mira identificar outros grupos ligados à
fabricação ilegal, comercialização e negociação de títulos públicos federais falsificados ou
prescritos.