27/12/2010 CORREIO DO POVO
Considerada um dos nós do processo de transição, a divergência entre o governo que termina e o que começa sobre a situação das finanças públicas deve gerar muita discussão a partir de 1 de janeiro, quando Tarso Genro (PT) assume o comando do Rio Grande do Sul no lugar de Yeda Crusius (PSDB). No último dia 16, na prestação de contas da área da Fazenda, Yeda voltou a assegurar que, em sua gestão, as contas públicas foram ajustadas e a principal bandeira de sua administração, o déficit zero, foi alcançado, repetindo o que havia transformado em slogan na campanha à reeleição: "Fizemos mais com menos".
As contas apresentadas pelo governo Yeda apontam saldo de R$ 3,6 bilhões no Caixa Único (Siac). Nos bastidores da transição, integrantes do futuro governo, que preferem evitar confrontos públicos, consideram o déficit zero um "artifício numérico".
O futuro secretário da Fazenda, Odir Tonollier, opta por não confrontar números, por enquanto, mas deixa clara a posição do próximo governo. "Temos consciência de que o Estado é um dos que está em pior situação entre todos do Brasil."
Para Tonollier, quatro pontos evidenciam que a situação financeira do RS seria menos confortável do que a anunciada por Yeda: a manutenção da dívida com a União, a dívida com precatórios, a continuidade do comprometimento com a folha de pagamento e inativos e a "demanda reprimida" em serviços sociais (investimentos em saúde e educação).