20/10/2010 O ESTADO DE SÃO PAULO
O forte desempenho da economia continua dando o tom da arrecadação de impostos. Em setembro, o recolhimento de tributos não só bateu recorde para o mês, ao atingir R$ 63,419 bilhões, como registrou a maior taxa de crescimento real do ano, 17,68%. A tendência daqui para a frente, porém, é de desaceleração.
De janeiro a setembro, segundo dados divulgados ontem pela Receita Federal, a arrecadação de impostos somou R$ 573,604 bilhões - recorde para o período -, o que representa uma expansão real de 13,12% em relação ao mesmo período de 2009. A estimativa da Receita é que esse número recue gradualmente, fechando o ano entre 10% e 12%.
Na avaliação do subsecretário de Tributação e Contencioso da Receita, Sandro Serpa, isso deve acontecer porque a partir deste mês, a base de comparação vai subir consideravelmente. Desde outubro de 2009, a arrecadação tem contabilizado recorde em relação ao mês anterior. "O aumento real não deve ser vigoroso de 13,12%. Fica cada vez mais difícil (ter número como esse)."
O economista da consultoria Tendências Felipe Salto, desde o início do ano, aposta na desaceleração do ritmo de crescimento da arrecadação. Mas ele é um pouco pessimista em relação à estimativa da Receita.
Segundo avaliou, a arrecadação de impostos deve encerrar 2010 com um aumento real entre 9% e 10%.
"Acredito até que em novembro teremos uma taxa negativa em relação ao mesmo mês do ano passado", disse. Isso deve acontecer porque em novembro do ano passado foram repassados para os cofres públicos cerca de R$ 5 bilhões em depósitos judiciais, o que inflou os dados da arrecadação.
Recorde. O recolhimento recorde de tributos em setembro, assim como a do ano, reflete o aumento da produção industrial, da venda de bens e serviços e dos salários dos trabalhadores. Em setembro, a produção industrial subiu 8,90% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já as vendas de bens e serviços subiram 14% e a massa salarial, 16,92%. "Os números da arrecadação do ano vão depender dos indicadores econômicos e devem continuar seguindo esses indicadores", disse Serpa.
No acumulado de janeiro a setembro houve uma alta de R$ 67,232 bilhões (considerando valores corrigidos pela inflação) na arrecadação ante os nove primeiros meses de 2009.
Desse total, R$ 17,328 bilhões se referem ao pagamento de Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) /PIS-Pasep; R$ 16,730 bilhões são de Receita Previdenciária; R$ 4,935 bilhões de Imposto sobre Operações Financeiras) e R$ 4,638 bilhões de Imposto de Importação/IPI-Vinculado.