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27/05/2010 FOLHA DE S. PAULO
Com receita recorde, governo faz 2º maior aperto fiscal desde 1997
O resultado recorde da arrecadação em abril levou o governo central a registrar o segundo maior superavit primário (economia para pagamento de juros) desde 1997. Para Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional, o saldo de R$ 16,6 bilhões acumulado em abril reflete o aquecimento da economia. A previsão é que o resultado não se repita em maio. As contas do último mês recuperaram as perdas de fevereiro e março e contribuíram para chegar à meta prevista para o quadrimestre. O governo precisava fazer R$ 18 bilhões no período, mas conseguiu R$ 24,7 bilhões.
"A meta do superavit continua a mesma. Acho prematuro falar em revisão", aponta Augustin. Apesar disso, ele afirma que há chance de que uma folga seja destinada ao Fundo Soberano. O resultado mostrou queda no ritmo dos investimentos, que foi de um crescimento de 116% em março para 89% em abril, sempre na comparação com o mesmo mês de 2009. O Tesouro considera o patamar positivo e aponta tendência de aumento nos investimentos para os próximos meses. "Entre empenhar a obra e pagar, tem um tempo", ressalta Augustin. Para o professor de ambiente econômico global do Insper, Otto Nogami, o alto valor do superavit em abril é consequência da falta de investimentos pelo governo. Nogami acrescenta a previsão de que os investimentos caiam até o final do ano -pois não haveria tempo para resultarem em dividendos eleitorais.