28/04/2010 JORNAL DO COMÉRCIO
A executiva nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) confirmou ontem por 20 votos a 7 o que já se sabia nos bastidores desde a semana passada: o sepultamento da candidatura presidencial do deputado federal Ciro Gomes e o provável apoio a Dilma Rousseff (PT). Em uma reunião sem a presença de Ciro, integrantes da legenda acusaram a direção do partido de ser subserviente e de se curvar aos interesses do PT. O governador de Pernambuco e presidente do partido, Eduardo Campos, resumiu a decisão no argumento de que Ciro estava isolado e o PSB teria muito a perder nos Estados. "O partido teve que se colocar para fazer quase que uma escolha de Sofia: ia levar à degola vários candidatos ao governo e ao Senado se continuasse pelejando pela candidatura", avaliou. Campos disse que o apoio do PSB a Dilma é o caminho natural. Ao término do encontro, não foram anunciados avanços nas alianças regionais com o PT. Na próxima terça-feira, a cúpula do partido se reúne com os petistas para tratar da aliança, que deve ser formalizada em encontro nacional da legenda, em 17 de maio. De acordo com a última pesquisa Datafolha, Ciro Gomes estava em terceiro lugar na disputa, com 9% das intenções de voto - em empate técnico com Marina Silva (PV). Nos últimos dias, Ciro partiu para o ataque contra o PT, Dilma, Lula e seu próprio partido. Sobre a candidata petista, chegou a declarar que o pré-candidato José Serra (PSDB) é mais preparado que ela para governar. Durante todo o dia, governistas buscaram elogiar Ciro. Dilma disse que ainda tem esperanças de ter o seu apoio. O discurso segue orientação do Planalto, que busca convencer futuramente Ciro a embarcar na campanha petista. "Consideramos o Ciro muito mais aliado do que muitos que elogiam o governo apenas'', afirmou o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. Em artigo em seu site depois da reunião do PSB, Ciro lamentou a decisão, mas disse que irá acatá-la. "Acho um erro tático em relação ao melhor interesse do partido e uma deserção de nossos deveres para com o País'', disse no texto, intitulado Ao Rei Tudo, Menos a Honra. Afirmou, no entanto, que seu engajamento na campanha dependerá de como o partido vai tratar suas propostas.