13/04/2010 CORREIO DO POVO
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu ontem, por oito votos a cinco, soltar José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal (DF), preso desde 11 de fevereiro em uma sala da Polícia Federal (PF). O ministro-relator, Fernando Gonçalves, alegou não haver mais "razões" para a prisão preventiva, contrariando posição do Ministério Público Federal.
A subprocuradora-geral da República Raquel Elias Ferreira Dodge havia pedido a manutenção da prisão de Arruda. Ele foi preso, por decisão do STJ, sob a acusação de coagir testemunhas e obstruir investigações sobre esquema de corrupção no governo do DF. Tentou, sem sucesso, um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em março, Arruda perdeu o cargo de governador. Foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral por infidelidade partidária. Ele deixou o Dem em dezembro, depois de revelado o esquema de corrupção desmantelado pela operação caixa de Pandora, da PF. Arruda decidiu não recorrer e aceitou a cassação.
Gonçalves alegou que, de acordo com a PF, as próximas diligências da investigação sobre o "mensalão do DF" serão técnicas, diminuindo as chances de Arruda interferir no inquérito. O ministro argumentou que, cassado, Arruda perdeu o poder de governador de atrapalhar a ação da Polícia.
De calça jeans e camisa branca, ostentando uma barba grisalha, Arruda chegou no final da tarde à sua residência em Brasília acompanhado da mulher, Flávia, evitando os jornalistas. Eles moram em um condomínio no Park Way, bairro de classe média alta. Fábio Peres, cunhado do ex-governador, conversou com jornalistas na entrada do condomínio. "Graças a Deus, acabou. Vocês estão incomodando os moradores e, por isso, peço que vocês vão embora", disse Peres.