25/06/2020 Correio do Povo
Em razão do decreto municipal que ampliou as restrições às atividades econômicas em função da pandemia da Covid-19, os bares e restaurantes de Porto Alegre começaram a funcionar nesta quinta-feira no sistema de tele-entrega e pague e leve. A manhã foi de adaptações nos estabelecimentos comerciais que tradicionalmente utilizam o sistema de buffet livre. É a segunda vez vez que bares e restaurantes da Capital fecham em função da pandemia - a primeira foi no dia 20 de março deste ano.
No restaurante Éfe Gastronomia, na rua Padre Chagas, no bairro Moinhos de Vento, a proprietária Jaqueline Lacerda explicou que o estabelecimento servia uma média de 100 a 140 refeições por dia antes da pandemia. Antes da crise, o local tinha dez funcionários. Hoje, além dela mais três pessoas trabalham no restaurante. "Tivemos que nos reinventar em todos os sentidos. Estamos comercializando cestas de aniversário durante este período", destacou. O restaurante serve uma média de 40 a 50 marmitas por dia nos sistemas de pague e leve e tele-entrega. O estabelecimento resolveu inovar em tempos de solidariedade. A cada almoço comercializado no restaurante, um era doado para um morador de rua
No El Porteño, na rua Florêncio Ygartua, no bairro Moinhos de Vento, a proprietária Lucíola Armani disse que foi adotado o sistema pague e leve no balcão. O estabelecimento comercial que funciona das 11h às 15h servia uma média de 150 a 200 refeições no buffet livre. Ela acredita que novo sistema deverá ser de 90 a 100 refeições. No Culinárias Restaurantes, na rua Carazinho, no bairro Petrópolis, o proprietário Roni Kuhn disse que o estabelecimento adotou a tele-entrega e o pague leve com a sugestão da montagem de pratos pelos clientes. Já o Ristorante Fontana, na avenida Venâncio Aires, no bairro Bom Fim, que servia um média de 400 almoços por dia no buffet livre, decidiu optar pela tele-entrega e pelo pague e leve no balcão.
A presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Rio Grande do Sul (Abrasel/RS), Maria Fernanda Tartoni, disse que o dia foi bem difícil e triste para o setor. "Mais uma vez estamos fechando as portas dos salões e sabemos que muitas delas não irão mais abrir. Fizemos um grande esforço para reabrir nossas operações, ficamos pouco mais de um mês abertos depois de 60 dias fechados e tínhamos a expectativa de que poderíamos seguir trabalhando", lamentou. Segundo ela, o setor inclusive teve um crescimento na confiança dos clientes e também no faturamento, um crescimento pequeno, mas que já significava uma retomada gradual para os negócios.
"Neste período abertos investimos na compra de insumos, agora estamos com os estoques cheios, o que acarretará em um grande prejuízo, pois a demanda de tele-entrega e pegue e leve não supre esse investimento", ressaltou. Maria Fernanda afirmou ainda que foram retirados funcionários da suspensão e que hoje será preciso buscar novas alternativas para mantê-los. "Renegociamos aluguéis e não sabemos se poderemos pagar ou permanecer nos salões. O setor está em uma situação bem delicada", acrescentou.
A presidente da Abrasel/RS disse ainda que é mais seguro estar em um restaurante do que nas praças e parques com aglomerações ou em supermercados onde existe um grande fluxo de pessoas. "Todo o setor respeita e segue de forma rigorosa os protocolos de higiene, segurança e de boas práticas. Infelizmente estamos proibidos de operar, mesmo seguindo todas as normativas para garantir a segurança dos nossos clientes e funcionários", afirmou.