01/04/2010 ZERO HORA
Num dia de negociações prolongadas, a Assembleia Legislativa seguiu ontem o roteiro desenhado pelo governo Yeda Crusius na semana passada: aprovou 6% de reajuste salarial aos professores e servidores de escola. Apesar da pressão da oposição e de sindicalistas, o Executivo resistiu aos apelos de parlamentares e não alterou a proposta.
Foram 49 votos a favor. Ninguém votou contra. Logo após o anúncio do placar pelo presidente da Casa, Giovani Cherini (PDT), professores começaram a gritar “Yeda fora” para demonstrar sua insatisfação. O magistério lutava por 23% de reajuste.
Segundo a Secretaria da Fazenda, o aumento de 6% custará R$ 54 milhões este ano e R$ 150 milhões em 2011. Os valores aprovados serão pagos em duas parcelas: 4% a partir de setembro e 2% em dezembro. O magistério ganhou ao conseguir a antecipação do pagamento da segunda parte do aumento, que inicialmente havia sido prevista para março. Outra vitória para o Cpers foi o sepultamento do projeto que prevê o complemento salarial para profissionais com carga horária de 40 horas semanais que ganham menos de R$ 1,5 mil.
– Parece piada. Não iríamos votar essa mentira do piso de R$ 1,5 mil – dizia Raul Carrion (PC do B).
Depois de sustentar que a proposta do piso estava vinculada ao reajuste, o Piratini cedeu e aceitou que apenas a votação do aumento fosse feita no plenário. Deputados se revezaram na tribuna para criticar o valor concedido. Dirigentes de sindicatos também consideraram insuficiente.
– Os juízes ganharão até R$ 3 mil a mais. Já o magistério terá um aumento de R$ 16 no vencimento básico – protestou a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira.
O Executivo desistiu de elevar o percentual do magistério após os deputados aprovarem reajustes não previstos a categorias durante a manhã. A Fazenda ficou com receio do tamanho do impacto financeiro não calculado.
– Estão achando que sou o Silvio Santos, que dá dinheiro para todos – afirmou o líder do governo, deputado Adilson Troca (PSDB).
A pressa em votar os projetos ocorreu porque ontem era o último dia para votar aumentos de salários. A legislação eleitoral determina que essas mudanças têm de estar sancionadas até o dia 6 de abril. O feriadão de Páscoa impediu que as votações pudessem ser feitas no final desta semana.
MARCIELE BRUM