02/04/2020 Correio do Povo
Empresas de médio porte, com faturamento acima de R$ 10 milhões anuais, reclamam de falta de apoio do governo federal para amenizar os efeitos da pandemia do novo coronavírus. Na semana passada, elas ficaram de fora do pacote anunciado para ajudar pequenas e médias companhias com receita entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões por ano no pagamento da folha de salários por dois meses. Alguns empresários falam em risco para honrar os compromissos salariais já em abril e se queixam da falta de crédito no mercado. O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, levou a reclamação ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Em sua avaliação, Skaf diz que além do pacote ter de incluir todas as empresas, sem trava no faturamento, são necessárias ferramentas para garantir capital de giro das companhias. Segundo ele, é preciso ter outras linhas com garantia do Banco Central para que os bancos emprestem. Skaf disse que o governo aumentou a liquidez no mercado, reduzindo o compulsório dos bancos, por exemplo, mas ainda assim as empresas estão com dificuldades de acessar os recursos: “O dinheiro tem de chegar nas mãos das empresas”. Alguns executivos confirmam a falta de liquidez no mercado. O presidente de um grupo de hotéis, Alexandre Zubaran, afirma que nos últimos dias tentou antecipar recebíveis de cartão de crédito, mas teve a negativa da operadora. “No mundo real não há oferta de crédito”, afirmou. Para as empresas com faturamento acima de R$ 10 milhões, diz Zubaran, o trabalho tem sido lento, descoordenado e cheio de sinais contraditórios. “Já estamos na terceira semana, vai virar o mês e não sei o que fazer com a folha”, disse.