02/04/2020 Correio do Povo
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, fizeram ontem o anúncio dos recursos que o governo está disponibilizando neste primeiro momento para minimizar os impactos da crise provocada pela pandemia do coronavírus. Conforme Guedes, já estão encaminhados R$ 205 bilhões para a área da saúde, especificamente “para a preservação de vidas e manutenção de empregos”. As iniciativas chegam em formato de medidas provisórias levadas ao Congresso. O governo ainda confirmou autorização para corte de salários e e jornadas de trabalhadores em até 100%, ou seja, total, principalmente para quem ganha salário mínimo. Os trabalhadores afetados receberiam então uma compensação do governo que chegaria a 100% do que ganhariam de seguro-desemprego em caso de demissão. Uma das medidas divulgadas, de R$ 51 bilhões, também libera recursos para que o governo possa pagar parte do salário das empresas que queiram reduzir jornadas e rendimentos parcialmente, em um índice de até 70%. “O governo cobrirá a diferença”, afirmou o ministro. Outra medida provisória dentro do pacote já havia sido anunciada. Serão destinados R$ 40 bilhões, sendo R$ 34 bilhões do Tesouro Nacional e outros R$ 6 bilhões dos bancos privados, para que micro e pequenas empresas possam, por meio de financiamento com baixa taxa de juros, pagar dois meses da folha. A equipe econômica também destina R$ 16 bilhões em transferências a estados e municípios, o que foi aprovado ontem à noite na Câmara dos Deputados. Essas medidas especificamente, para empresas, municípios e estados, somariam R$ 108 bilhões. Guedes ainda lembrou a ajuda programada aos trabalhadores informais estendida aos microempreendedores individuais que engloba R$ 98 bilhões destinados a 54 milhões de pessoas. Especificamente quanto a empresas e trabalhadores formais, o ministro Paulo Guedes explanou mais detalhes sobre os R$ 51 bilhões para pagamento da complementação dos salários daqueles que tiverem redução de jornada feita pela empresa. “São R$ 51 bilhões do nosso programa trabalhista que dão às empresas várias possibilidades, como reduzir jornadas em 20%, 25%, 30%, e o governo cobre essa diferença de salário. Se a empresa estiver com dificuldades, o governo paga”, reiterou. Durante o anúncio, porém, a equipe econômica observou que mais detalhes seriam esclarecidos “nos próximos dias”. O ministro Guedes também lembrou a divulgação, na semana anterior, da linha de crédito de R$ 40 bilhões na qual 85% deverão ser garantidos pelo Tesouro Nacional para que as empresas paguem salários dos funcionários. “Tanto o programa trabalhista de complementação salarial quanto o de crédito para financiamento da folha estão sendo segurados. O total é de R$ 200 bilhões, 2,6% do PIB para manutenção da saúde, preservação de vida e manutenção de empregos”, observou. Ainda que tenha sido anunciado o pacote de R$ 200 bilhões ontem, o governo vem destacando nos últimos dias um valor total que chegaria a R$ 750 bilhões para injeção na economia como forma de combate à paralisia provocada pela disseminação do coronavírus.