20/12/2019 Correio do Povo
– “A Câmara não vai criar uma nova CPMF”, garantiu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Dem-RJ), ontem, em café com jornalistas na residência oficial da Câmara. "Imposto sobre movimentação financeira ou o nome que você queira dar, a resposta é não", insistiu. Segundo ele, a Câmara será contra a criação de qualquer novo imposto. "As pessoas se estressam muito com temas que são de responsabilidade do parlamento. O parlamento cria ou não a CPMF. E não vai criar", enfatizou. Confrontado com a possibilidade de o governo insistir no lançamento de uma nova CPMF para compensar a desoneração da folha, Maia destacou que a carga da mão de obra no resto do mundo é mais baixa que no Brasil, e não tem CPMF. "Qual país razoavelmente organizado, estrutura seu sistema tributário com CPMF?", questionou ele. "Estamos convencidos de que não há espaço para isso", afirmou. Segundo Maia, a economia poderia ter crescimento maior, não fossem declarações dadas pelo presidente (Jair Bolsonaro) e pessoas próximas a ele sobre o AI-5 e as queimadas na Região Amazônica. Essas declarações atrasam entradas (investimentos)", afirmou. E acrescentou: "Discurso atrapalha o Brasil, mas atrapalha o governo do próprio presidente." Questionado sobre uma nova cobrança nos moldes da extinta CPMF, Bolsonaro repetiu que "todas as cartas estão na mesa", mas observou que o "imposto está demonizado". O ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, descartou quarta-feira a volta deste tributo, mas afirmou que avalia taxar transações digitais, o que pode incluir transferências e pagamentos por aplicativos de bancos, por exemplo. "A CPMF, todas as cartas estão na mesa, mas é um imposto que está demonizado", disse ele, em frente ao Palácio da Alvorada. Na segunda-feira, o presidente disse que o governo só aceitaria criar um imposto se outro for extinto. Em setembro, a defesa de um imposto aos moldes da CPMF levou à queda de Marcos Cintra do cargo de secretário especial da Receita. Ele defendia publicamente a criação do imposto sobre pagamentos, como forma de substituir ou ao menos reduzir outros impostos, principalmente sobre a folha de salários das empresas. A ideia era um dos pilares da reforma tributária planejada pela equipe econômica. Após a divulgação dos detalhes da proposta e a reação no Congresso, Cintra foi exonerado.