29/12/2009 ZERO HORA
Editorial
Tanto no caso do Brasil quanto no do Rio Grande do Sul, todas as expectativas convergem para o fato de que o ano de 2010 será de múltiplas oportunidades para quem gera emprego e produz e para quem trabalha e consome. Por suas características específicas – um setor público às voltas com o equilíbrio das contas governamentais e um agronegócio golpeado por seca no início do ano e chuvas em excesso no final –, o Estado deve registrar um resultado menor que o do país neste ano e uma expansão econômica inferior à nacional no próximo. Ainda assim, está diante de uma conjugação de expectativas tão favoráveis para diferentes áreas, que dificilmente deixará de crescer de forma consistente a partir de janeiro, se as políticas governamentais e a campanha eleitoral não atrapalharem.
Obviamente, um Estado com características fortemente voltadas para o mercado externo não teria como deixar de ser impactado pela elevada valorização do real frente ao dólar, num ano em que as exportações registraram a pior rentabilidade da década. Ao mesmo tempo, o setor metalmecânico, carro-chefe da indústria de transformação, foi um dos primeiros a ser impactado pela crise econômica global e um dos primeiros a sair dela, graças sobretudo às medidas emergenciais adotadas para manter o consumo interno aquecido, freando a queda na produção e, em consequência, garantindo níveis razoáveis de emprego, hoje em franca recuperação.
Favorecida pela redução de impostos em algumas áreas e pelo incentivo ao consumo interno, a economia gaúcha tem perspectivas excepcionais para o próximo ano tanto em áreas tradicionais quanto em novas frentes, como bioenergia, microeletrônica, laticínios e polo naval, entre outras. Seria importante, por isso, que mesmo num ano eleitoral, quando pressões por gastos tendem a se ampliar, o governo gaúcho conseguisse persistir na busca do equilíbrio fiscal, como pressuposto para crescimento a médio e longo prazos, sem se descuidar de providências para um impulso imediato na economia. O fato de a combinação entre os dois objetivos parecer difícil no início não deve servir de desestímulo, pois os resultados tendem a se revelar mais à frente.
O equilíbrio fiscal é um pressuposto para a expansão da economia gaúcha, mas é preciso que os resultados possam significar avanços também na área educacional e na infraestrutura. Sem essas precondições, dificilmente o Rio Grande do Sul poderá aproveitar ao máximo o seu potencial e as oportunidades que tendem a se consolidar agora em âmbito nacional, e para muitas das quais pode dar uma contribuição decisiva.