03/09/2009 ZERO HORA
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA
Embora o presidente do PP, Jerônimo Goergen, diga e repita que a ida de Otomar para a Casa Civil não significa acorrentar o partido à governadora, a aliança está praticamente selada. Dos partidos da base, Yeda só tinha certeza de poder contar com o PPS em 2010. O PMDB terá candidato próprio, e o PTB flerta com vários pretendentes ao mesmo tempo, incluindo o PT. Ter o PP na aliança é vital para Yeda por dois motivos principais: o tempo de rádio e televisão e a condição de partido com o maior número de prefeitos e vereadores no Estado.
Yeda pretendia ter Celso Bernardi na Casa Civil, mas a recusa do secretário acabou atrasando em um dia o anúncio das mudanças e obrigou a governadora a reacomodar as peças no tabuleiro. O PSDB se incomodou ao constatar que o PP ficaria com cinco secretarias mais a liderança do governo na Assembleia e, na última hora, Yeda acabou avisando Bernardi de que precisaria da secretaria dele para acomodar José Alberto Wenzel. Como compensação, ofereceu a diretoria do BRDE até então ocupada por Otomar.
A ampliação da participação no governo deve dominar os debates no congresso que o PP realiza hoje em Porto Alegre. Até então, eram frequentes as manifestações pelo afastamento do governo com o argumento de que o PP ocupava cargos mas não tinha poder. Cotado para assumir a presidência do partido, o ex-prefeito de Gramado Pedro Bertolucci chegou a dizer nesta semana que na eleição o PP terá de carregar o fardo do desgaste de José Sarney e de Yeda Crusius.
Uma das condições do PP para aceitar a Casa Civil foi a de que Otomar tenha “autonomia” para fazer o que achar necessário. Embora o novo chefe da Casa Civil não tenha condicionado, está no pacote de transição a demissão do chefe de gabinete da governadora, Ricardo Lied, e da assessora Walna Vilarins Meneses.
Os amplos poderes dos dois vinham sendo apontados como um dos principais motivos para o descrédito de José Alberto Wenzel junto aos deputados.