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10/08/2009 CORREIO DO POVO
Gravações de Lair são a base da ação do MPF
Entre advogados que tiveram acesso às 1.236 páginas da ação de improbidade administrativa ajuizada pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) na 3ª Vara da Justiça Federal de Santa Maria há um consenso. Os áudios do empresário Lair Ferst - com conversas entre ele e o ex-chefe da representação do governo do Estado em Brasília, Marcelo Cavalcante, uma parte deles reproduzida na edição de sábado do Correio do Povo, estão na base da ação. Mas, além deles, há centenas de páginas com transcrições de conversas telefônicas, algumas das quais não teriam chegado a vir a público quando da CPI do Detran na Assembleia ou das representações encaminhadas em agosto de 2008 pelo Ministério Público estadual (MP) contra o deputado federal José Otávio Germano e o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), João Luiz Vargas.
A ação é dividida em oito partes. A parte III é a que traz o que autoridades e os advogados que tiveram acesso aos autos chamam de 'material novo'. Nela estão as gravações de Lair, trechos de interceptações telefônicas e, até, transcrições da conversa mantida entre o vice-governador Paulo Feijó e o então chefe da Casa Civil, Cézar Busatto, que acabou resultando na sua saída do governo, em junho de 2008.
A parte IV trata da individualização das condutas dos nove denunciados. O primeiro a ter a situação detalhada, no ponto 1, é José Otávio. Seguem-se a governadora Yeda Crusius (2), João Luiz (3), e os deputados Luiz Fernando Záchia (4) e Frederico Antunes (5). Em seguida, o item 6 é intitulado de Participações Acessórias. Nele estão incluídos, pela ordem, o ex-secretário-geral de Governo, Delson Martini, a assessora direta de Yeda, Walna Vilarins Meneses, o diretor do Banrisul, Rubens Bordini, e o professor Carlos Crusius.
Quem teve acesso a toda a ação assegura que tanto em volume quanto em conteúdo o principal atingido é José Otávio, seguido por João Luiz. Ambos teriam, no entendimento dos procuradores, se beneficiado diretamente da fraude. Záchia e Frederico são apontados como pretensos beneficiários, mas com uma participação proporcionalmente bem menor. O advogado de José Otávio, José Paganella Boschi, disse que só hoje terá acesso à ação e que então se manifestará a respeito. O advogado de João Luiz, André Cezar, informou que está tranquilo quanto ao conteúdo dos autos.