Com o anúncio da ação no MPF, petistas viabilizaram comissão e PSOL reforçaram possibilidade de impeachment de Yeda
Com o anúncio da ação de improbidade administrativa do Ministério Público Federal, a Assembleia Legislativa se tornou território da oposição ontem. Se poucos governistas eram vistos pelos corredores do parlamento, adversários da governadora Yeda Crusius atuaram em duas frentes: reafirmaram o pedido de impeachment contra ela e deslancharam a CPI da Corrupção. O contra-ataque do Palácio Piratini partiu do chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel.
Em compasso de espera desde maio, a nova CPI só está prestes a sair do papel porque três deputados do PDT resolveram assinar o requerimento da comissão, que agora tem 20 signatários, um a mais que o mínimo necessário. Gerson Burmann, Giovani Cherini e Kalil Sehbe tomaram a decisão em conjunto, na casa de Cherini, logo após a manifestação dos procuradores da República. No início da noite, os três foram para a Assembleia, onde encontraram o resto da bancada pedetista e os deputados do PT. Cherini afirmou que assinava a CPI com “tristeza” e condenou as comemorações da tarde.
O deputado se referia à manifestação de estudantes e sindicalistas e em frente ao Piratini. Em festa, o grupo acompanhou os líderes do PSOL em visita à Assembleia. A deputada federal Luciana Genro e o vereador Pedro Ruas estiveram no Legislativo para protocolar um requerimento para que a Casa vote o pedido de impeachment feito em junho de 2008 e arquivado pelo então presidente, Alceu Moreira (PMDB). Em análise na Comissão de Constituição e Justiça, o desarquivamento será examinado também pelo plenário. Caso aceita, a tramitação do afastamento ocorrerá em quatro fases, sendo a última o julgamento da governadora.
– Há uma quadrilha instalada no Piratini. É tarde para CPI, pode ser uma medida protelatória. É o momento de votar o impeachment – afirma Luciana.
Futura presidente da CPI, a deputada estadual Stela Farias (PT) defendeu a tramitação paralela da comissão e do pedido de impeachment. Ela entrega hoje ao presidente da Assembleia, Ivar Pavan (PT), o pedido de instalação da comissão. Depois de o requerimento passar por Pavan e pela Procuradoria da Casa, será aberto o prazo para as bancadas indicarem representantes. Segundo Stela, as investigações serão focadas nas operações Rodin e Solidária, as denúncias do PSOL e de Magda Koenigkan, viúva do ex-assessor Marcelo Cavalcante, e a polêmica dívida de R$ 16 milhões cobrada pela Atento junto ao Detran e contestada por dois ex-presidentes da autarquia.
Em outra linha de atuação, a oposição sugeriu a Pavan que encaminhe à Justiça Federal um pedido de quebra do sigilo da ação dos procuradores. Pavan classificou a ação do MPF de um fato inédito, profissional e ousado. Além de defender a quebra de sigilo, o presidente da Casa apoiou a CPI por conta dos “novos fatos em abundância”. Já o vice-governador Paulo Feijó se disse “consternado, mas não surpreso”:
– Não posso opinar sobre a ação do MPF em si, mas não me surpreendo pelos fatos que vieram à tona. Confio nas instituições.