13/07/2009 ZERO HORA
Editorial
Acrise política do governo do Estado é um assunto incômodo para todos os gaúchos, pois impõe uma agenda negativa para o Rio Grande, quando o desejável seria colocar em primeiro plano o desenvolvimento econômico, a educação e as questões sociais que precisam de atenção das autoridades. Porém, não passa semana sem que uma nova suspeita de irregularidade seja denunciada ou sem que um membro do Executivo abandone a administração. Com dois anos e meio de mandato, a governadora Yeda Crusius já substituiu 22 secretários e promoveu tantos remanejamentos no primeiro escalão de governo, que dificilmente algum cidadão saberá identificar pelo nome os titulares de mais de 10 pastas. Essas mudanças frequentes, aliadas aos baixos índices de aprovação do governo apontados pelas pesquisas de opinião, indicam o paradoxo entre o estilo conflituoso da administração e alguns resultados positivos obtidos, como o equilíbrio das contas públicas e o andamento de programas estruturantes, notadamente na área da infraestrutura.
Ainda que o Estado não esteja totalmente paralisado, até mesmo porque os agentes econômicos se movimentam com ou sem a participação do governo, poderia estar andando num ritmo mais adequado se o Executivo não estivesse tão enredado em suspeitas que não consegue elucidar de forma satisfatória. Ninguém ignora que existe um componente político nas denúncias. Porém, também não se pode negar que as suspeitas de irregularidades relacionadas à campanha eleitoral e à própria administração foram acatadas por órgãos independentes, como o Ministério Público e o Judiciário, que estão procedendo às devidas investigações. O escândalo do Detran e a chamada Operação Solidária, que investiga fraudes relacionadas ao fornecimento de merenda escolar, envolveram inequivocamente vários personagens ligados ao governo. São fatos que precisam ser esclarecidos, para que os responsáveis por eventuais desvios sejam responsabilizados. Não é uma ação política – é uma realidade.
Diante dela, é impositivo que a governadora se posicione com mais clareza e com menos metáforas. Seria oportuno que ela viesse a público neste momento e assegurasse que vai facilitar as investigações, até mesmo para que a população possa dissociar claramente o que é armação política e o que é passível de correção. Também se faz urgente que o governo exponha de forma transparente suas prioridades para o restante da administração, para que a sociedade contribua com o que for indispensável para a governabilidade. Refém de sucessivas acusações, o Executivo está paralisado na sua relação com o Legislativo, que passa mais tempo debatendo a possibilidade de criar uma CPI do que examinando projetos.
Para reconquistar a governabilidade, o governo precisa se repensar. E o primeiro passo para superar a crise de credibilidade e de imagem em que está mergulhado é colocar em prática exatamente a transparência, área que acaba de ser alterada com a mais recente troca de secretário. (12/7)