18/03/2013
Manoel Dias, secretário-geral do PDT que assumirá Ministério do
Trabalho: volta do grupo de Lupi ao governo visa a segurar o partido ao
lado da presidente
Pressionada a aumentar a presença de Minas Gerais na Esplanada dos
Ministérios, a presidente Dilma Rousseff foi além: aproveitou a reforma
ministerial realizada na sexta-feira para já amarrar o apoio do PMDB
mineiro na sua campanha à reeleição. Em paralelo, num movimento que visa
garantir a manutenção do PDT em sua coalizão, Dilma recolocou o grupo
do ex-ministro Carlos Lupi à frente do Ministério do Trabalho.
O novo ministro da Agricultura, o deputado Antônio Andrade, é presidente
do diretório do PMDB de Minas Gerais. Na avaliação de integrantes da
cúpula nacional da legenda, embora o PMDB mineiro não tenha uma
liderança que responda por todas as alas do partido no Estado, a
nomeação de Andrade deve garantir a Dilma um palanque forte em Minas
Gerais na disputa de 2014, no Estado em que o principal pré-candidato da
oposição, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), construiu sua carreira
política.
Mas pemedebistas alertam que a nomeação de Andrade, a qual foi
comemorada pelo setor agropecuário, não significa automaticamente que o
PMDB de Minas apoiará o candidato do PT ao governo do Estado. O ministro
do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, participou das articulações que
resultaram na reforma ministerial e é o potencial candidato petista.
Esse cenário é nebuloso por conta da insatisfação do deputado Leonardo
Quintão (PMDB-MG). O parlamentar retirou a sua candidatura à prefeitura
de Belo Horizonte em benefício do PT nas últimas eleições municipais.
Esperava ser recompensado com uma vaga no governo federal, mas,
preterido, pode não facilitar a vida do PT em 2014 novamente.
"Achamos que o fato de ele ser da área vai facilitar a interlocução e
vamos trabalhar juntos", disse o diretor-executivo da Associação
Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Márcio Portocarrero. Já o
presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesario Ramalho,
criticou o fato de a Pasta ter na prática um ministro "interino".
Segundo ele, "fatalmente" Andrade será candidato em 2014 e abandonará o
Ministério da Agricultura.
A posse dos ministros foi realizada no sábado. Em um sinal do
fortalecimento do grupo do vice-presidente Michel Temer, o ministro
Wellington Moreira Franco deixou a Secretaria de Assuntos Estratégicos
da Presidência (SAE) para assumir a Secretaria de Aviação Civil.
Ex-governador do Rio de Janeiro, Moreira Franco buscava um cargo com
mais capilaridade política desde a eleição da chapa encabeçada pela
presidente Dilma Rousseff. Agora, será o responsável por tocar o projeto
do governo de fortalecer a aviação regional do país.
Na semana passada, comentou-se que o ex-ministro da Agricultura Mendes
Ribeiro (PMDB-RS) assumiria a SAE. No entanto, Mendes retornou à Câmara
dos Deputados. Ele se trata de um câncer. Roger Stiefelmann Leal,
secretário-executivo da SAE na gestão de Moreira Franco, assumiu
temporariamente a Pasta.
Outra mudança realizada por Dilma no primeiro escalão do governo foi a
substituição de Brizola Neto por Manoel Dias no Ministério do Trabalho.
Secretário-geral do PDT, Dias é aliado de Lupi e tem a missão de
reconstruir a ponte entre o Palácio do Planalto e a cúpula do partido.
Brizola Neto substituiu Lupi, presidente do PDT, depois que o
ex-ministro deixou o órgão em meio a denúncias de irregularidades. Na
tentativa de conquistar o comando do PDT e garantir sua nomeação para a
Pasta, Brizola Neto ofereceu a Dilma o apoio integral das centrais
sindicais ao governo. Para Dilma, a oferta pareceu um bom negócio, já
que o PDT estava rachado e não lhe dava total sustentação no Congresso.
No entanto, Brizola Neto não entregou o prometido.
Por outro lado, a reforma ministerial anunciada pela presidente Dilma
Rousseff não contemplou PR e PSD. O PR tenta retomar o controle do
Ministério dos Transportes, mas o nome indicado pelo partido não obteve
até agora boa receptividade no Palácio do Planalto. A bancada da legenda
no Congresso sugeriu a nomeação do deputado Luciano Castro (PR-RR),
enquanto Dilma pretendia contar no governo com o senador Blairo Maggi
(MT). O parlamentar do Mato Grosso enfrenta resistências entre os seus
correligionários, pois é acusado por colegas de deixar o PR se
enfraquecer em seu Estado e ter ameaçado deixar a sigla.
Outro partido até excluído das mudanças foi o PSD do ex-prefeito de São
Paulo Gilberto Kassab. Segundo autoridades do governo, a presidente não
ficou satisfeita com a "postura dúbia" da sigla. Dilma ofereceu ao PSD o
controle da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, a qual ficaria sob a
responsabilidade do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif
Domingos. Mas o PSD sinalizou que gostaria de um espaço maior e informou
à presidente que não pretende mais formalizar sua adesão ao governo
antes de 2014. Dessa forma, se Afif for nomeado, deve ser inicialmente
na cota pessoal da presidente a fim de criar as condições para a entrada
oficial do PSD no governo no ano que vem. (Colaborou Tarso Veloso)