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06/04/2009 CORREIO DO POVO
Morre Márcio Moreira Alves
O jornalista e ex-deputado federal Márcio Moreira Alves morreu ontem, aos 72 anos, após um longo período de internação. Ele estava internado há cinco meses, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Um discurso do então deputado federal Márcio Moreira Alves foi apontado como o motivo do Ato Institucional número 5, o chamado AI 5, que determinou em 13 de dezembro de 1968 o fechamento do Congresso, a cassação de parlamentares, a suspensão dos direitos políticos por dez anos e o endurecimento do regime militar contra a oposição.
No dia 2 de setembro daquele ano, ele subiu à tribuna da Câmara e proferiu um enérgico discurso contra a repressão que os militares vinham empreendendo em diversas universidades. Em 30 de agosto havia sido fechada a Universidade Federal de Minas Gerais e invadida a de Brasília. Em protesto contra as atrocidades do regime, Marcito, como era chamado, incitou o povo a não participar dos festejos do 7 de Setembro, irritando os militares.
Entre outras propostas, o trecho que mais irritou os militares exortava as moças a não namorarem cadetes. Como resultado, os militares pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) a cassação do deputado. Moreira Alves foi cassado e obrigado a seguir para o exílio, passando pelo Chile, Cuba, França e Portugal. Voltou ao Brasil 11 anos depois, com a anistia política. Tentou retornar à carreira parlamentar, sem sucesso.
De volta ao jornalismo, permaneceu como um dos mais importantes comentaristas políticos do país, com uma coluna diária no jornal O Globo durante dez anos. O velório de Márcio Moreira Alves será na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e a cerimônia de cremação acontece hoje no Cemitério do Caju. (4/4)