12/12/2019 Correio do Povo
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduziraSelic (a taxa básica da economia) de 5,00% para 4,50% ao ano. Este é o quarto corte da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade. Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996. Com a Selic no menor patamar já visto, o Brasil deixou de aparecer, pela primeira vez, entre os dez países com as maiores taxas de juros reais (descontada a inflação) do mundo. Levantamento do site MoneYou e da Infinity Asset mostra que o juro real do Brasil, de 0,64%, é agora o 11º maior entre as 40 economias mais relevantes do planeta. No topo estão México (3,23%), Turquia (2,85%) e Índia (2,54%). Com a economia ainda em recuperação e a inflação em níveis controlados, a expectativa majoritária era de que a Selic passasse por um novo corte. De um total de 60 instituições consultadas, 59 esperavam por corte de 0,50 ponto, para 4,50% ao ano. Apenas uma casa – a GO Associados – esperava por redução de 0,25 ponto porcentual, para 4,75% ao ano. Ao justificar sua decisão, o BC avaliou ainda que o corte é compatível com a convergência da inflação para a meta, relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020 e, em grau menor, o de 2021. Em um contexto de inflação um pouco mais elevada em 2019 e recuperação da atividade econômica, o Copom também decidiu ser cauteloso em relação aos seus próximos passos. Ao contrário do que ocorreu em decisões anteriores, o colegiado não se comprometeu com novos cortes de juros. Na prática, a redução de hoje pode ter sido a última do atual ciclo de baixa. No Rio Grande do Sul, o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, afirmou que a redução de 0,5 ponto na Selic é importante para a continuação da retomada de atividade econômica, que apesar de lenta, começa a dar sinais de aceleração. Entretanto, o corte nos juros tem que chegar às famílias e às empresas, ressalta. “Os investidores se mostram otimistas quanto ao futuro da economia brasileira, mas esse otimismo continuará apenas se o governo mantiver sua postura de comprometimento com o ajuste fiscal necessário”, arrematou.