12/07/2019 Correio do Povo
Um dia após a aprovação em primeiro turno da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, o vice-presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Ciro Gomes, afirmou, ontem, em entrevista ao programa “Esfera Pública” da Rádio Guaíba, que sente como se estivesse de ressaca pelo resultado, em que 379 parlamentares votaram a favor. Para ele, Ciro a reforma está “extinguindo a aposentadoria do povo trabalhador”. “Se você somar 55 anos de idade mínima e 40 anos ininterruptos de contribuição para a aposentadoria integral, fica inviável”, lembra o pedetista, que espera que a aprovação possa ser revogada, se não em segunda instância na Câmara, ao menos quando for pauta no Senado. O ex-candidato à Presidência se mostrou decepcionado também com os colegas de sigla que defenderam a proposta. Um deles é a deputada federal Tabata Amaral (SP), que desobedeceu orientação da legenda, de se opor às mudanças. “Não gostaria de particularizar, pois está dando uma dor de um pai, desgosto de filha, como diz o verso do Djavan. A Tabata é uma menina que eu recrutei, que tem origem na favela, de um grande valor. Não acho que o perdeu, mas o erro que ela cometeu é indesculpável”, lamentou. “Ela tem 25 anos, está em plena idade de poder errar. Nunca, jamais, minha voz se levantará para constranger um jovem. Mil pessoas me falavam da inclinação, porque o conservadorismo é uma tendência natural. E, infelizmente, ela vota (a favor da reforma) e vota com certa arrogância porque diz que é para ajudar os pobres. É uma tragédia”, completou. Além da jovem paulista que tem ganhado destaque por seus discursos em prol da educação, outros sete pedetistas votaram a favor da reforma. “Se depender de mim, todos que não foram conforme o pensamento do partido devem pedir para sair”, resumiu. Ao lado de Ciro no programa, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT/RS) foi mais comedido. “Não daria pena capital. Há outras formas de corrigir. Mas, se errar de novo, aí seria burrice”, diz o parlamentar gaúcho.