19/12/2017 Correio do Povo
Violentos confrontos entre a Polícia e manifestantes sacudiram Buenos Aires nesta segunda-feira — especialmente na praça do Congresso, onde deputados debatiam a polêmica reforma do sistema de previdência e benefícios sociais promovida pelo governo de Mauricio Macri. Enquanto isso, uma grande greve foi realizada, afetando o transporte público e levando ao cancelamento de centenas de voos — que só devem ser retomados nesta terça-feira. A confusão durou quatro horas e levou 500 mil pessoas para as ruas. O comércio central fechou as portas. Com o rosto coberto, muitas pessoas arrancavam pedaços de pedra das calçadas para atirar na Polícia, que revidava com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Bancas de revistas foram queimadas e fogos de artifício atirados contra os policiais. Nos monumentos das praças centrais, pessoas se arriscavam ao subir em alturas elevadas para tremular a bandeira da Argentina.
A tensão tomou conta de Buenos Aires. O governo propõe elevar a idade mínima para a aposentadoria, de forma opcional, de 65 para 70 anos para os homens e de 60 para 63 anos para as mulheres. O objetivo é reduzir o déficit fiscal, estimado em 5% do Produto Interno Bruto (PIB). O novo cálculo permitiria economizar, em 2018, cerca de 5,5 bilhões de dólares, um quinto do déficit. Macri assinou um pacto fiscal com 23 das 24 províncias, em sua maioria governadas por opositores peronistas, em troca de uma promessa de dividir entre elas o dinheiro economizado pela reforma. O benefício mínimo para um aposentado na Argentina é de cerca de 400 dólares. Esse valor engloba praticamente 50% dos beneficiários. O restante recebe, em média, entre 50% a 60% do salário de quando exerciam suas atividades.