11/08/2017 Correio do Povo
Enquanto a equipe econômica ainda decide o melhor momento para anunciar uma proposta de revisão da meta fiscal de 2017, o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) divulgado ontem pela Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado reforça a avaliação de que o atual objetivo de déficit primá- rio de R$ 139 bilhões este ano é impossível de ser alcançado. O documento revisou a projeção de rombo nas contas públicas de R$ 144,1 bilhões, já acima da meta, para R$ 156,2 bilhões. A equipe econômica se reuniu na tarde de ontem com o presidente Michel Temer, mas não houve definições. As mudanças na meta fiscal deveriam ter sido anunciadas após o encontro, o que não ocorreu.
Um anúncio é esperado para segunda-feira. Da reunião de ontem com Temer participaram Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil), Dyogo Oliveira (Planejamento) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). A nova projeção do IFI está em linha com a avaliação do mercado e de parte do próprio governo de que o esforço necessário para se cumprir uma meta de déficit primário de R$ 139 bilhões neste ano levaria a um shutdown da máquina pública, ou seja, paralisação. A projeção de déficit de R$ 156,2 bilhões ainda está dentro do considerado “aceitável” pela equipe econô- mica, que deseja um cálculo ao menos menor que o saldo negativo de R$ 159 bilhões de 2016.
O IFI ainda revisou a proje- ção de déficit primário para 2018 de R$ 166,2 bilhões para R$ 153,3 bilhões. Embora haja redução, o valor continua acima da meta de R$ 129 bilhões, que também deverá ser revisada. De acordo com o documento, a estimativa já considera que o governo terá que conter despesas discricionárias em cerca de R$ 30 bilhões no próximo ano, o que significa que o déficit poderia chegar a R$ 183,3 bilhões. O documento avalia também que embora a indústria e o comércio tenham parado de piorar, ainda não há sinal claro de retomada.