13/01/2010 VALOR ECONÔMICO
Tom Braithwaite, Financial Times, de Washington
Obama sofre pressões para que adote medidas punitivas contra os bancos O governo dos Estados Unidos pretende impor um novo tributo aos grandes bancos do país, para pagar o socorro concedido ao setor financeiro, como parte do orçamento a ser apresentado em fevereiro. O objetivo da sobretaxa é recuperar todo o custo envolvido no plano de ajuda aos ativos problemáticos, o Tarp, que a administração estima em US$ 120 bilhões, embora haja no governo quem estime o custo final em menos de US$ 100 bilhões.
A proposta surge no momento em que a administração Obama enfrenta pressões crescentes dos democratas no Congresso para que adote medidas punitivas contra os bancos. A Casa Branca está tentando conter a irritação, uma vez que os bancos devem começar a iniciar esta semana a distribuição de bilhões de dólares em bonificações.
"O presidente prometeu ao povo americano que vai recuperar os investimentos no setor financeiro", disse ontem um funcionário graduado do governo. "Embora tenhamos feito grandes progressos na recuperação de uma grande parte dos investimentos, consistentes com a lei, o presidente vai propor uma maneira de recuperar recursos adicionais e uma das opções é a cobrança de um imposto das instituições financeiras."
Os parâmetros exatos do imposto proposto ainda estão sendo determinados, mas ele deverá ser baseado no risco e deverá incidir apenas sobre os 20 ou 30 maiores bancos. Em vez de levantar um volume exato em dólares, a administração deverá estabelecer um volume a ser arrecadado em cada um dos próximos anos, com uma cláusula de encerramento do imposto quando os custos do plano de socorro forem recuperados. O presidente Barack Obama deverá anunciar o plano antes do orçamento - possivelmente em seu pronunciamento sobre o Estado da União, que deve ocorrer na primeira semana da fevereiro.
O imposto é visto como uma alternativa a ideias como o imposto sobre operações financeiras ou um superimposto sobre as bonificações distribuídas pelos bancos, como o Reino Unido está fazendo, mas que o Tesouro americano considera nocivo ou impraticável (ver reportagem na página C3). O plano surge no momento em que o governo americano enfrenta um descontentamento crescente dos democratas no Congresso, que acusam Wall Street de ser tratada com muita benevolência.
Scott Talbott, diretor de assuntos do governo na Financial Services Roundtable, disse: "Impor impostos adicionais sobre a nova carga reguladora é uma coisa que vai sufocar o setor justo no momento em que a economia começa a se recuperar".
As ações dos bancos americanos estavam atrás do resto do mercado de ações na manhã de ontem. Menos de uma hora após a abertura dos negócios na Bolsa de Nova York, o índice Standard & Poor's 500 caiu 0,6%, para 1.139,74 pontos, mas a ação do Bank of America chegou a perder 1,2% para US$ 16,72, e o papel do Citigroup 1,1%, para US$ 3,59. As ações do setor financeiro que fazem parte do S&P 500 superavam o mercado amplo, com uma perda de apenas 0,5%, mas isso ocorreu principalmente por causa de notícias de lucros positivos envolvendo o setor financeiro.
A semana está sendo difícil para os bancos. Presidentes de bancos que incluem o Goldman Sachs e o J.P. Morgan Chase deverão testemunhar hoje na primeira audiência pública da Comissão de Investigação da Crise Financeira, uma comissão investigativa bipartidária estabelecida pelo Congresso americano.
Separadamente, Andrew Cuomo, procurador-geral do Estado de Nova York, enviou cartas para oito bancos que receberam recursos do Tarp, pedindo informações sobre a remuneração de executivos.