Notícias
18/06/2009 JORNAL DO COMÉRCIO
Paraísos fiscais sejam agora o inferno dos fraudadores
Opinião
A Suíça alega que sonegação fiscal é problema dos governos da origem do dinheiro que vai para lá, um paraíso fiscal, especialmente do Brasil. Para eles, não é crime. Se os bancos dos chamados paraísos fiscais purificarem as suas atitudes e tornarem transparentes os seus métodos, as suas palavras e ações serão tão puras como eles as desejam. O que não aceita mais é que em nome de uma suspeita independência países como a Suíça guardem cerca de US$ 1 trilhão em contas numeradas e secretas quando lá estão depositados ainda jóias e dinheiro furtados ou roubados de prisioneiros nazistas da II Guerra Mundial. Não se justifica mais essa atitude e em plena crise financeira mundial é uma atitude insustentável.
Por isso foi bem o presidente Lula no encontro que reunião, na Rússia, as quatro maiores economias emergentes do mundo, Brasil, Rússia, Índia e China, os países que formam o Bric. A partir de agora, eles agirão coordenadamente para conseguir avançar na reforma do sistema financeiro internacional. Foi a primeira mas útil reunião da Cúpula do Bric, realizada em Ecaterimburgo. A estratégia visa reforçar a posição dos quatro países, em especial a próxima reunião do G-20, marcada para Pittsbourg, nos Estados Unidos, em setembro. Antes disso, porém, será implementada no encontro dos sete países mais ricos mais a Rússia (G-8), no mês que vem, na Itália. "Nós queremos cooperar estreitamente entre nós e com outros parceiros para garantir maior progresso da ação coletiva na próxima Cúpula do G-20, em Pittsbourg, em setembro", informou documento divulgado após o encontro, com um total de 16 itens.
O texto é definitivo sobre as pretensões dos quatro países em relação aos seus parceiros industrializados quando diz que "as economias emergentes e em desenvolvimento devem ter maior voz e representação nas instituições financeiras internacionais, e seus líderes e diretores devem ser designados por meio de processos de seleção abertos, transparentes e baseados em méritos". Também foi pedida a reabertura das negociações da Rodada de Doha, o apoio aos países pobres e o suporte às energias renováveis. Os países do Bric defendem também bandeiras como a transferência de tecnologia para a produção de biocombustíveis e o desenvolvimento técnico da produção agrícola. A ênfase, contudo, foi voltada à cooperação para a reforma do sistema financeiro. O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, explicitou a intenção de organizar uma estratégia comum. "Vamos coordenar o nosso trabalho e discutir os parâmetros de uma nova arquitetura financeira", afirmou ele.
Segundo Medvedev, os presidentes dos bancos centrais e os ministros das Finanças, de Energia e Agricultura dos quatro países farão encontros periódicos para organizar as estratégias comuns. E, em 2010, uma nova cúpula deverá ser realizada no Brasil. "Vamos incumbir os presidentes de BCs e os ministros de Finanças de prepararem ideias e sugestões vitais para elevar a cooperação ao nível mais alto". O presidente Lula foi até mais taxativo, ao dizer que "a crise exige um pouco mais de ousadia para que discutamos o papel das organizações internacionais e dos países do Bric". A cúpula dos maiores países emergentes teve a presença do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, a forte figura do presidente da China, Hu Jintao, e do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh. É, pois, chegado o momento de os países antes periféricos participarem das questões que, até agora, apenas os integrantes do G-8 decidiam, e que são os Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Rússia, do qual os emergentes são apenas convidados.