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14/05/2009 JORNAL DO COMÉRCIO
Espera-se o início do fim e não o fim do começo da crise
São três os vencedores do Prêmio Nobel de Economia que afirmaram que a crise financeira mundial poderá piorar no curto prazo. Joseph Stiglitz, Robert Mundell e Edward Prescott lançaram esse alerta em São Paulo, mas focando a economia dos Estados Unidos e não a do Brasil. Para eles, boa parte do fim da recessão global depende dos acertos da política econômica adotada pelo governo do presidente norte-americano, Barack Obama. A crise está no fim do começo e não no começo do fim, afirmou Stiglitz, referindo-se a alguns fatores que mostram que a economia dos EUA está longe de apresentar uma recuperação robusta.
Um dos problemas, segundo ele, é que a taxa de desemprego é elevada, está em 8,9%. Mas, se fosse avaliada com metodologia mais ampla, ficaria próxima a 16%. Enquanto isso, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, não confirmou que o Brasil teria entrado em recessão técnica por causa do resultado negativo que a economia deve registrar também no primeiro trimestre. Dessa maneira, teríamos dois trimestres seguidos de queda no Produto Interno Bruto (PIB). Mas, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, afirmou que o País está sim em recessão técnica. No entanto, pela leitura de boa parte dos analistas financeiros e econômicos brasileiros, nos juntamos àqueles que julgam que o fundo do poço foi alcançado, os resultados ruins que serão anunciados são reflexo dos últimos seis meses e que, a partir de abril, a economia e as finanças começaram a reagir. Então, estaríamos no início do fim da crise e não no fim do seu começo. Os sinais são alentadores, com o aumento da produção de petróleo pela primeira vez desde julho de 2008, com mais vendas no comércio varejista da China e com a criação de empregos nos Estados Unidos. No Brasil, em abril a indústria produziu mais e, em maio, o fluxo cambial está positivo, mas a Bovespa caiu.
Paulo Bernardo faz bem em dizer que devemos olhar para o que está ocorrendo por esses dias, não mais os resultados dos meses finais de 2008 e do primeiro trimestre de 2009. O governo continua otimista e acredita que a economia terá um comportamento gradativamente melhor nos próximos três trimestres. O Banco Central e a equipe econômica apostam em um crescimento do PIB de pelo menos 1,2%. Caso se confirme, será uma vitória sobre todas as pessimistas previsões, principalmente as do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional e de outros organismos multilaterais. Houve até quem apostasse em uma retração de quase 5%. É verdade que tivemos o registro de queda do emprego na indústria, segundo ainda o IBGE. No Ministério do Trabalho, Carlos Lupi, entretanto, afirma que está havendo uma recuperação do emprego na economia desde abril. A indústria recuou bastante até março, o que era esperado, por conta da retração mundial.
No entanto, a indústria é só um segmento, por mais importante que seja, da economia. Os demais setores não estão com números alarmantes, pelo contrário, comportam-se razoavelmente bem. Baixar impostos foi uma fórmula que deu bons resultados. Resta saber se o Tesouro Nacional aguentará, pois houve um aumento dos gastos e uma queda na arrecadação, uma combinação fatal para as finanças nacionais. Deve-se liberar mais crédito para a produção e o consumo, o que faria girar a economia rapidamente. E mais uma queda nos juros em junho, que deverá ser de um ponto percentual, agora que a poupança não é mais empecilho. Pelos menos até os R$ 50 mil.