21/02/2020 Correio do Povo
O presidente Jair Bolsonaro declarou ontem, pelo Twitter, que “a democracia nunca esteve tão forte”. O tuíte, lacônico, aparece na sequência de uma série de desentendimentos entre o governo e o Congresso. Também ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Congresso “não precisa pisar no nosso pé”, em referência às emendas impositivas demandadas pelos parlamentares. Na véspera, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, disse que o governo não poderia aceitar o que chamou de chantagem do Congresso, em diálogo captado em transmissão ao vivo. A fala de Heleno repercutiu no Congresso e provocou manifestações dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia. Parlamentares planejam convocar o ministro para se explicar. Ao reclamar da suposta “chantagem” que o presidente Jair Bolsonaro sofre do Congresso, Augusto Heleno acabou expondo o descontentamento de deputados e senadores com Guedes. Na avaliação da cúpula do Congresso, Heleno e Guedes são hoje os novos integrantes da "ala ideológica" do governo e insuflam Bolsonaro contra os parlamentares. “Esse empurra-empurra (entre governo e Congresso sobre o orçamento) é normal”, minimizou Guedes. Em linha de raciocínio semelhante à de Heleno, Guedes falou que, se o Orçamento Impositivo for grande demais, fica parecendo que o país está em um “parlamentarismo branco”. Guedes tentou amenizar as recentes divergências entre o governo e o Congresso e defendeu a aprovação das reformas e do novo Pacto Federativo. Segundo ele, é preciso “transformar um aparente desentendimento” em algo construtivo. Durante cerimônia de lançamento da nova linha de crédito imobiliário da Caixa, o ministro da Economia passou uma série de recados ao Legislativo. Guedes falou que “pode haver exagero de um lado ou outro”, que “todo mundo fica nervoso” ao discutir questões orçamentárias, mas que não vale a pena brigar por cerca de R$ 10 bilhões quando há possibilidade de o Pacto Federativo dar mais autonomia para Estados e municípios.