11/02/2020 Correio do Povo
A percepção de que a epidemia do coronavírus está longe de ser contida, com o aumento do número de mortes e casos suspeitos na China e em outros países, fez a Bolsa fechar em queda no primeiro pregão da semana. Os relatos de que a doença tem afetado negócios de exportadores e importadores brasileiros alimentam o mau humor do mercado. Assim, o Ibovespa, principal índice da B3, terminou em baixa d e 1,05%, aos 112.570,30 pontos. O nível foi o menor desde 16 de dezembro, quando fechou aos 111.896,04. No ano, acumula perda de 2,66% e, no mês, de 1,05%. As fortes chuvas que atingiram São Paulo e causaram transtornos em vários pontos da cidade não chegaram, segundo operadores, a prejudicar os negócios da Bolsa, que teve giro de R$ 29,15 bilhões, um nível elevado. A epidemia tem causado revisões para baixo no PIB da China, segunda maior economia do mundo e principal parceira comercial do Brasil. Na semana passada, por exemplo, o JPMorgan cortou estimativa para a expansão chinesa, de 4,9% para 1% no primeiro trimestre e de 5,8% para 5,4% no ano. No Brasil, o movimento de revisões é mais tímido, mas os sinais de alerta têm crescido. Em relatório divulgado ontem, o Commerzbank ressaltou que os dados de atividade econômica têm sido decepcionantes no Brasil, sem que ainda se saiba a extensão do impacto do coronavírus. O Itaú Unibanco e o Banco Fibra admitiram, também em relatórios, que consideram viés de baixa para suas projeções de PIB em 2020, hoje em 2,2% e 2,6%. Ambos citam o coronavírus como fator de risco. Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença, afirma que a falta de perspectivas positivas para a epidemia reforça o pessimismo. "Por enquanto, não estamos vendo solução. Os casos de morte e os casos suspeitos estão aumentando, os exportadores e importadores estão tendo problemas e algumas casas têm reduzido suas estimativas para o PIB", diz. Em sessão marcada pela baixa liquidez no Brasil, o dólar encerrou em leve alta ante o real. O principal vetor foi, novamente, a incerteza em relação ao crescimento global do surto de coronavírus. As chuvas que atingem São Paulo desde a noite de domingo reduziram as negociações nas mesas. O dólar à vista fechou em alta de 0,03%, aos R$ 4,3220. "Muita gente não chegou ao trabalho hoje por conta das chuvas. E quem chegou, às vezes tem problemas para processar a operação", disse um operador de câmbio de um grande banco. "Muito trader ficou em casa", citou. De acordo com o diretor da Fourtrade Corretora, Luiz Carlos Baldan, "parece que é um dia de não mercado".