23/01/2020 Correio do Povo
A delegação brasileira no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça teve um encontro ontem com 20 grandes investidores para apresentar a carteira do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Com a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes, a reunião foi uma ponte para tentar atrair capital estrangeiro para financiar projetos de médio e longo prazos. O governo apresentou 115 projetos já estruturados ou em estudo que compõem a carteira para 2020 e 2021, que equivalem a R$ 320 bilhões, sendo R$ 264,1 bilhões em investimentos e R$ 55,5 bilhões em privatizações
Isso inclui o leilão de tecnologia 5G, cuja consulta pública será aberta em fevereiro. Conforme o governo, o edital e o leilão estão previstos para o segundo semestre. As estimativas iniciais de valor da outorga (taxa paga para explorar a concessão pública), mais os investimentos, ficam em R$ 20 bilhões. O governo também apresentou a carteira com 11 ferrovias (como a Ferrogrão, que tem 933 km entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), 22 aeroportos, 19 rodovias, além da privatização de empresas como Eletrobrás, Nuclep, Casa da Moeda e estudos para desestatização de Telebrás e Correios. A secretária do PPI, Martha Seillier, disse que o objetivo foi apresentar oportunidades para esses investidores e desfazer qualquer "mal-estar" em relação ao Brasil sobre questões ambientais ou outras polêmicas. Na semana passada, a demissão do então secretário de Cultura, Roberto Alvim, após ele divulgar um vídeo parafraseando Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, trouxe preocupação para a área econômica e temor de que a fala "manchasse" a participação brasileira no evento. As questões ambientais também ficaram sob o holofote nos últimos meses após queimadas na Amazônia e avanço no desmatamento. Nessa edição do fórum, meio ambiente, mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável são temas centrais e entraram no radar dos investidores e tomadores de decisão. "Esses eventos em alto nível, (em que) normalmente você está com o CEO da companhia, são uma oportunidade para tirar dúvidas, desfazer algumas situações, alguns questionamentos em relação ao Brasil, qualquer tipo de mal-estar", disse Martha. Para ela, a presença de Guedes foi crucial para emprestar segurança aos investidores de que o Brasil está fazendo o "dever de casa" na área fiscal e segue endereçando outras reformas, como a tributária e a administrativa.