07/10/2019 Jornal do Comércio
A corrupção chegou a um ponto no Brasil, que até mesmo integrantes da Operação Lava Jato, na Receita Federal, estão sendo investigados. Um trabalho de anos elogiado pelo Brasil e cujo condutor principal, até ser nomeado ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, teve elogios mundo afora e se tornou um símbolo para os brasileiros. No entanto, a cobiça por dinheiro fácil chegou ao centro do combate à corrupção, no Rio de Janeiro. Segundo consta, há meses que a prisão de um auditor fiscal da Receita Federal era dada como certa nos gabinetes mais influentes do Judiciário e também do Executivo em Brasília. A investigação levou à prisão um auditor por cobrar propina de réus e delatores em troca da suspensão de multas do Fisco. E com a participação efetiva e direta da Corregedoria da Receita. Um abalo, mais um, na consciência cívica da nacionalidade. Por outro lado, pelo menos o consolo de que nem os integrantes da Receita estão fora do alcance da lei. Ironicamente, o auditor fiscal era integrante da Lava Jato na Receita, responsável pela área de trabalho do Fisco na 7ª região fiscal, que abrange os eEstados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. E até a sua exoneração do cargo semana passada, era justamente supervisor da equipe especial de programação da Receita que fazia a seleção de contribuintes que cometem fraudes e são alvo da fiscalização dos auditores. Como consequência, o golpe na imagem do Fisco com a prisão deve trazer mudanças nos procedimentos de fiscalização do órgão que estão em estudo no Ministério da Economia. Um grande impacto negativo no combate à corrupção que tanto prejudicou a imagem do País e desviou bilhões de reais de diversas empresas e órgãos públicos. Espera-se que a punição seja daquelas chamadas de exemplar. O Brasil está decepcionado. Um golpe para ampliar e tornar mais aguda a crise moral, econômica e social pela qual estamos passando. O temor agora é com o alcance do impacto negativo na imagem do órgão pelo envolvimento de auditores, justamente da área de fiscalização, que tem a missão de combater ilícitos. A imagem já está abalada depois de uma sequência de vazamentos e acesso a informações sigilosas. A Receita exonerou outros funcionários envolvidos na Operação Armadeira, que prendeu membros de uma quadrilha de servidores públicos que aplicavam extorsão e lavagem de dinheiro de réus da Lava Jato. Uma limpeza ética é fundamental para desbaratar os corruptos e prendê-los.