30/06/2020 GaúchaZH
rês meses depois das primeiras medidas de distanciamento social em razão do coronavírus, o secretário estadual da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso, fez balanço das dificuldades financeiras do Estado e projetou o que vem pela frente. Segundo o economista, as perdas de arrecadação - que atingiram o ápice em maio e devem somar cerca de R$ 2,2 bilhões no fim de junho -, tendem a prosseguir até dezembro, mesmo que a pandemia perca força.
Neste mês, o quadro vem apresentando leve melhora frente ao que era esperado. A queda no ingresso de recursos, estimada inicialmente em R$ 700 milhões, deve ficar na casa dos R$ 500 milhões. Ainda assim, preocupa.
Em julho, com as novas restrições impostas pela bandeira vermelha em cidades como Porto Alegre, a previsão é de prejuízo próximo a R$ 450 milhões. Embora o socorro federal tenha chegado, veio com atraso e em valor insuficiente - a primeira das quatro parcelas de R$ 486,3 milhões foi depositada no início de junho e terminou em horas.
- Estamos voltando para o patamar de abril: em vez de cair quase 30% em termos reais, a arrecadação está caindo na faixa de 14%, 15%. Mas ainda é muito. O problema é que a gente enfrentou um intervalo muito grande de perdas até chegar a ajuda federal, que é insuficiente e ficou deslocada no tempo. Ainda que junho volte a registrar perdas menores, seguiremos com frustração de receita. Mesmo que passe o pior da pandemia, a perspectiva é de que não teremos nenhum mês com arrecadação normal neste ano - declarou Cardoso, em entrevista concedida na sexta-feira.
Isso significa que seguirá faltando dinheiro para pagar em dia compromissos básicos, como os salários dos servidores do Executivo, que contabilizam 54 meses de atrasos e parcelamentos desde 2015.
Na avaliação de Cardoso, a superação da crise passa por reformas. Entre elas, está a revisão da matriz tributária, que deve ser apresentada pelo governador Eduardo Leite até setembro. Além disso, o secretário afirma que o governo não desistiu do regime de recuperação fiscal, tema relegado ao segundo plano com o avanço da covid-19.
- Estamos discutindo internamente de maneira bem avançada. O cronograma depende da decisão do governo quanto ao melhor momento. Trabalhamos sempre com aquele processo de discussão prévia das reformas. Essa é uma reforma que consideramos indispensável - avalia Cardoso.