19/11/2019 Correio do Povo
M atematicamente, a margem do governo Eduardo Leite (PSDB) na Assembleia Legislativa é confortável, mas o cenário que se desenha nos bastidores indica que, no caso de parte dos projetos que integram o pacote de mudanças nas carreiras e na Previdência, se não houver recuo, o resultado pode ser a derrota. O levantamento parcial da Secretaria de Educação sobre a adesão à greve do magistério iniciada ontem, apontou, por ora, mobilização frágil. A presidente do Cpers, Helenir Schürer, afirmou que no primeiro dia tradicionalmente são realizadas reuniões dos servidores nas escolas e que a tendência é a ampliação da adesão à greve a partir de agora. A estratégia do sindicato, no entanto, não está centrada apenas na pressão por meio da paralisação. Em municípios do interior do Estado, os vereadores, que irão encarar as urnas em 2020, são alvos prioritários e transferem as cobranças para os deputados que representam suas bases eleitorais. Na área da segurança, a Polícia Civil adotou ontem operação-padrão em todo o Rio Grande do Sul eotensionamento será ampliado. Foram marcadas para o dia 5 de dezembro assembleias de categorias como Polícia Civil e Brigada Militar. O indicativo é de greve, que, se for deflagrada, acontecerá poucos dias antes do início da votação do pacote pelo plenário da Assembleia. Deputados aliados do governo já reconhecem, reservadamente, que para garantir a aprovação das propostas, o Executivo terá de ceder e acatar alterações realizadas por meio de emendas parlamentares em plenário. Entre os pontos mencionados, está a previsão de regra de transição para alterações envolvendo o fim das funções gratificadas e dos triênios e quinquênios. n Até o fim do ano Santa Cruz do Sul será um dos três municípios que contam com uma Central de Regulação Compartilhada do Samu. O convênio com a Secretaria Estadual de Saúde foi assinado em ato com a presença da secretária Arita Bergmann. O serviço já funciona em Santa Maria e Bento Gonçalves. Tiro no pé? Ao ceder a reivindicações da área da segurança, alterando pontos dos projetos antes do protocolo na Assembleia, o governo apostou que conseguiria neutralizar mobilizações de setores como a Brigada Militar, que são decisivos na pressão. O recuo, no entanto, ao que tudo indica, pode se transformar em tiro no pé. As mudanças acatadas pelo Piratini, relativas principalmente ao sistema de subsídios, agradaram ao andar de cima, mas não ao de baixo. Para tentar minimizar os prejuízos, articuladores do governo estão negociando contraproposta. PP unido em torno do vice Gustavo Paim O ato realizado ontem à noite serviu para demonstrar a unidade do PP em torno da pré-candidatura do vice-prefeito Gustavo Paim ao comando de Porto Alegre em 2020. O discurso de Paim e dos progressistas será o do diálogo eodo respeito para construir avanços, em claro recado ao prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB). A crise entre os partidos, que se arrastou por meses, levou o PP a deixar a base aliada do tucano. Paim foi eleito e permanece no cargo, mas, após o ato, o clima na prefeitura deve ficar ainda pior. Se isto for possível. Em tempo: partido com o maior número de prefeitos no Estado, o PP visa agora apostar no protagonismo na Capital, Litoral e Região Metropolitana. Filiação O jornalista André Machado se filiou ao PP no evento de ontem. Sua ficha foi abonada por Guilherme Socias Villela. André disputará cadeira na Câmara de Porto Alegre. Ele concorreu pela primeira vez em 2014, pelo PC do B, a deputado federal. Fez 29.237 votos, não se elegeu e logo em seguida deixou o PC do B. A guinada que representou a escolha pelo PP, e as cobranças que certamente ocorrerão, não preocupam o jornalista. Segundo André, as bandeiras que defende não são exclusividade de um campo político.