15/05/2019 Jornal do Comércio
Paulo Guedes, afirmou ontem que a correção da tabela do Imposto de Renda (IR) reduziria a arrecadação dos cofres públicos entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões por ano. Dias antes, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista, que pediu a Guedes que atualizasse a tabela do IR pela inflação. Com essa medida, mais pessoas entrariam na faixa de renda isenta do imposto ou em grupos que pagam alíquotas menores. Guedes, no entanto, não informou qual o período de inflação considerado para calcular um impacto de até R$ 60 bilhões. Ele declarou apenas que seria essa a conta “se fizesse uma correção da tabela lá atrás”. Em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso, o ministro destacou ainda que, diante do rombo nas contas públicas, a mudança na tributação do Imposto de Renda não faria sentido, já que o governo precisa reduzir gastos. “O presidente Jair Bolsonaro que falou que atualizaria tabela de IR pela inflação, eu não disse nada. Estamos no meio de uma batalha da Previdência, não adianta me distrair com outra tabela de IR”, explicou ontem. Na comissão, ele também foi questionado sobre a reforma tributária. A Câmara prevê iniciar a análise de uma proposta apresentada pelo MDB e inspirada nas ideias do economista Bernard Appy. Guedes respondeu que analisou o texto que tramita no Congresso e encontrou um problema: a proposta também prevê mudanças nos tributos estaduais e municipais. Por isso, o ministro acredita que o texto poderá ficar travado no Legislativo por CONTAS PÚBLICAS Correção na tabela do IR custaria até R$ 60 bilhões Em audiência, Guedes disse que prioridade é reforma da Previdência afetar governadores e prefeitos. Ainda na audiência, o ministro concordou com uma afirmação da senadora Kátia Abreu de que há espaço para reduzir os juros no Brasil, mas ponderou que, como o Banco Central (BC) é independente, não poderia comentar sobre o tema. “O Banco Central fica doido para que ocorra o ajuste fiscal para permitir juro mais baixo e estimular economia. Como o BC é independente, não falo sobre juros”, relatou. Guedes enfatizou, contudo, que a culpa dos juros não caírem mais no Brasil não é tanto do Banco Central. “Na hora que dermos horizonte fiscal equacionado, os juros descem naturalmente”, acrescentou. Questionado sobre a cobrança de impostos nos setores de saúde e educação, o ministro da Economia afirmou que há situações paradoxais no Brasil e que é preciso olhar esse tema no País. Como exemplo, Guedes citou o fato de a classe média estudar em escolas isentas e pessoas de menor condição social frequentarem instituições que pagam impostos. “Não pode haver favorecimento a famílias que tenham condições. Os mais favorecidos se tratam no (Albert) Einstein, que é isento. A classe média frequenta escolas como FGV e Ibre, que são isentas, enquanto a filha da doméstica estuda em escola que paga imposto”, completou.